As
questões de classes e das desigualdades sociais são pouco discutidas pela nossa
sociedade. Quero tomar como decorrência da Industrialização, as disputas sociais
e conseqüentemente as lutas dos grupos. A revolução industrial acabou com os
pequenos produtores de fabricações artesanais, com a utilização das máquinas a
vapor; com elas se conseguia produzir em grande escala e conseqüentemente
atender a demanda emergente por conta da
globalização, no entanto, existia um abismo muito grande entre os produtores e
os trabalhadores.
A
burguesia conseguiu ascender na Europa com a Revolução Francesa, tendo como
ajuda a participação da classe pobre, sob uma ideologia de libertação do povo
contra a monarquia, logo que conseguiu, se voltou ao status quo, e cada um voltou a ocupar o seu lugar. Os pequenos
produtores não podiam competir com a burguesia, que tinham as ferramentas e
recursos de trabalho necessários para produzir os bens de consumo, no máximo,
poderiam oferecer a sua capacidade/força de produção em troca de condições de
trabalho subumanas, com longas jornadas. Karl Marx chama de: “teoria do
conflito”, onde sempre existirá uma luta entre as classes, para se manter ou
ascender socialmente.
Quero
fazer uma ilustração, usando como exemplo o telefone celular, para levar a um
entendimento de como possa nascer uma das causas da distinção (diferença),
entre as classes. Há trinta anos ele não existia, a partir do primeiro contato,
passou a se tornar um bem necessário e, até hoje ele só vem sendo aperfeiçoado.
Como o homem poderia sentir falta de alguma coisa que ainda não existia? Ou que
nunca teve contato? Pois então, ele foi criado como muitas outras coisas,
facilitar a vida das pessoas, no entanto, se tornou ícone de status. Só se pode
sentir falta de uma coisa quando tiver o contato com ela, se não, só se sente o
desejo de possuir; antes de o celular existir não se sentia falta dele.
No inicio
ter o aparelho se tornou uma questão de status, isso colocava as pessoas que podiam
usufruir desse bem em posição de destaque na sociedade e servia para
identificar uma classe, mas, se nunca tivesse sido inventado? O ser humano
estaria em busca de outra forma de se diferenciar? Podemos dizer que sim
através de experiências do cotidiano.
Essa
luta cria ícones que distinguem as classes e faz com que o individuo se transforme
em consumidor de coisas das quais ele nem sabia que precisava e, uma vez em
contato “não consegue mais viver sem”. Não poder utilizar um símbolo que reflita
uma posição social pode gerar insatisfação, quando não se consiga obter em
detrimento de sua classe/condição social. As pessoas tentam de certo modo ascender
socialmente, e isso gera satisfação quando conseguem estar de acordo com os padrões
criados pelo capitalismo; quanto mais próximos estamos dos grandes centros
urbanos, mais sofremos influência dele. Imaginemos uma situação hipotética (pois,
não tenho fundamentos teóricos, apenas empíricos), onde existam pessoas que
vivam nas Zonas Rurais e tenham pouco contato com o capitalismo, não usem
celular, poucos tenham veiculo motor, não exista Shopping Center nas
proximidades e só vejam alguns objetos de consumo pela TV; e no máximo, vão ao
mercado/feira livre nos finais de semana, tais pessoas não teriam os mesmo
ícones que os nossos como símbolo de status. Se por acaso uma dessas pessoas do
campo viessem morar em uma capital ou próxima a ela e tivessem influencia do
capitalismo diretamente, não passaria a desejar as mesmas coisas das classes
consideradas superiores?
É
claro que isso pode ser objeto de estudo, no entanto, quero especular sobre o
assunto, levando em consideração o conflito de classes, imaginando o consumismo
como fator que coloca, se não, seja combustível para as diferenças sociais.
Nas palavras de Durkheim: [...] se mais pessoas desejassem menos, então a
solidariedade social aumentaria mais...
O
determinismo é uma teoria pessimista; acredita que uma pessoa nascendo num
determinado ambiente social sofra influencias por ele que determinem o seu papel na sociedade, é
claro q isso não é verdade porque se fosse realmente assim, todos nós agiríamos
da mesma forma aos mesmos impulsos; no entanto, vou usar o termo: “status atribuído”,
para falar sobre as diferenças de impostas ao gênero e raça.
De
acordo com o texto de Claude Lévi-Strauss: Gobineau justifica que o
determinismo geográfico e biológico, já citado acima como não aceito, são os
causadores das diferenças entre as raças, pois, se atribuiu as pessoas de pele
escura uma baixa intelectualidade, e incapacidade de desenvolver uma cultura
consistente; e às mulheres biologicamente são inferiores aos homens quando se discutia
sobre força muscular, trata-se de um status atribuído, no qual os indivíduos que nasçam sob esses aspectos,
não tenham oportunidades iguais dentro das sociedades. Não seria um sistema de
causa e efeito, pois, algumas pessoas nascidas sob esses aspectos podem ascendem
socialmente.
Essa
idéia foi para justificar as diferenças baseadas em argumentos científicos, e
sociais como forma de se explicar a opressão sobre as classes consideradas
inferiores e a imposição do poder. Isso se fincou em diversas culturas e de
certa forma foi perpetuado por pessoas sem informação ou de forma intencional. Outro
fator importante colocado no texto é a questão cultural, pois, existe certa
hierarquia étnica desde a colonização, por exemplo, as pessoas são classificadas
pela cor da pele e os traços que os caracterizam (branco,
amarelo, negro, cafuzo, mameluco). Os negros e as mulheres ganharam direitos jurídicos,
mas socialmente ainda são descriminados e não tem as mesmas oportunidades dos
homens considerados de cor branca. Todas essas ideologias culturais, raciais, patriarcalismo e o
consumismo desenfreado contribuem bastante para as desigualdades além de falhas
nas políticas publicas.