Ao se
pensar no sentido da terminologia da palavra poder, se faz necessário entender
o que seria o significado da palavra potência. Podemos imaginar que alguns
países considerados superpotências possuem armas nucleares, de destruição em
massa, contudo, não necessariamente quer dizer que vão utilizar sem que haja
alguma necessidade que justifique tal ato.
[...] A
potência é a capacidade de efetuar um desempenho determinado, ainda que o ator
nunca passe do ato. [...] não é a mesma
coisa atribuir-se a uma criança ou a um arquiteto a potência de construir uma
casa. Num caso isto quer dizer que, quando a criança se tornar adulto, poderá
ser um arquiteto: quem sabe? Isto não é impossível. No outro caso, quer dizer
que este arquiteto, atualmente sem trabalho, construirá uma casa, desde que o
contratem: é seu este poder. Por um lado, “potência” designa uma virtualidade:
por outro, uma capacidade determinada, que está em condições de exercer-se a
qualquer momento. (LEBRUN, 2009, p. 10).
Entendendo
o que seria o significado de potência, agora se faz necessário entender o
significado da palavra força. (LEBRUN,
2009, p. 11) “Se numa democracia um
partido tem peso político é porque tem força para mobilizar um certo número de
eleitores. Se um sindicato tem peso político, é porque tem força para deflagrar
uma greve”. Não necessariamente quer dizer que se precise utilizar a força
por meios coercitivos que sejam violentos. Por exemplo, a força pode ser o
charme da pessoa amada numa relação amorosa, quando extorque alguma decisão; (LEBRUN,
2009, p. 11), “uma relação amorosa, é,
antes de mais nada, uma relação de forças”. A força é a canalização da
potência, seria a sua determinação.
Potência (macht)
é a capacidade de impor a sua vontade contra a de uma ou mais pessoas, mesmo
que haja resistência. Então, porque falar em poder e não em potência?
Poder
inclui um elemento suplementar, que está ausente de potência. Existe poder
quando a potência, determinada por uma certa força, se explicita de uma maneira
muito precisa. Não sob o modo de ameaça, de chantagem etc., mas sob o modo da
ordem dirigida a alguém que, presume-se, deva cumpri-la. (LEBRUN,
2009, p. 12)
Nas palavras de (LEBRUN,
2009), Parsons recusa-se a considerar o poder como sendo, essencialmente, “uma
ação imposta por um ator a outro ator”.
[...]
para ele, o poder não é simplesmente a capacidade de impor a sua vontade contra
a de outra pessoa independente da resistência. [...] é antes, dispor de um
capital de confiança tal que o grupo delegue aos detentores do poder a
realização dos fins coletivos. Em suma, é dispor de uma autoridade, no sentido
em que um escritor de renome, um pensador ilustre, um velho sábio... são
autoridades no interior de um grupo dado (sem que esta autoridade implique uma
ideia de coerção). (LEBRUN, 2009, p.14).
É esse tipo de poder que acredito dever estar presente em
determinadas tipificações e que se necessita fazer uso dele.
Quando assumimos o papel de
gestor também assumimos as suas responsabilidades, como se colocássemos uma
máscara. Segundo Goffman apud. Park (GOFFMAN, 1985) (nota de
rodapé) pag. 27, “não é um mero
acidente histórico que a palavra pessoa”, e sua acepção primeira,
queira dizer máscara”. Nesse sentido, imagino que constantemente estamos
interpretando papéis ou usando máscaras, que por sua vez, são legitimados pela
institucionalização, ou forma de tornar padrão determinado agir ou costume.
A questão
de saber quais são os papeis que se institucionalizam é idêntica à questão de
definir quais áreas de conduta são afetadas pela institucionalização, e pode
ser respondida da mesma maneira. “Toda” conduta institucionalizada envolve um
certo número de papeis. Assim, os papeis participam do caráter controlador da
institucionalização. Logo os atores são tipificados como executantes de papeis,
sua conduta é ipso facto susceptível
de reforço. (Peter L. BERGER, 2014,
p. 100).
O gestor não precisa gritar ou ser rude com o subordinado
para interpretar o seu papel, por que a sua função dentro da empresa já traz
consigo a autoridade do seu cargo. Entretanto,
quando me refiro a questão do reconhecimento sobre o poder das tipificações,
tenho consciência de que a construção social da tipificação do papel do gestor
é baseada nos comportamentos anteriores, consequentemente, traz consigo certo
medo e antipatia por parte dos subordinados.
Há muito tempo já existe a função de encarregado no interior das empresas,
independente de quem quer que esteja ocupando o cargo, e que isso não é uma
questão de despotismo, ou seja, o indivíduo não nasce encarregado. Entretanto,
mesmo que o sujeito (encarregado), que pode ser qualquer pessoa, queira agir de
uma forma amigável sendo cordial com os subordinados, percebo que existe certa
resistência e desconfiança por parte dos mesmos.
Geralmente
quando alguns gestores se retiram do local aonde tenha acontecido alguma
reunião alguns subordinados fazem sinal negativo ou falam mal, mesmo quando os
gestores não tenham tido algum choque com eles e entendo esse aspecto como
sendo o maior entrave em aplicar o reconhecimento como motivação, por que,
primeiro deva deve-se resgatar a confiança do colaborador.
O comportamento do indivíduo se apoia totalmente no grupo. Os
trabalhadores não agem ou reagem isoladamente como indivíduos, mas como membros
de grupos. A qualquer desvio das normas grupais, o trabalhador sofre punições
sociais ou morais dos colegas, no intuito de se ajustar aos padrões do grupo.
Enquanto os padrões do grupo permanecerem imutáveis, o indivíduo resistirá a
mudanças para não se afastar deles, dos colegas. (CHIAVENATO, 2003, p.
105).
Existe
determinado tipo de coerção imposto pelo grupo aos funcionários novatos que,
subjetivamente, moldam os seus comportamentos fazendo com que aumentem ou
diminuam o seu ritmo de trabalho, e isso é uma questão cultural na empresa que
pode facilmente ser percebida. São os grupos informais, os quais serão
abordados mais adiante.