Alexsandro Alves de Araújo
Centro De Filosofia e Ciências Humanas – CFCH
Ciências
Sociais – Licenciatura
Seminários
Interdisciplinares
Docente:
Alexsandro S. Jesus
Resumo
- Este
artigo apresenta o relatório final solicitado para a obtenção da nota do curso
de seminário interdisciplinar. O tema foi escolhido mediante a possibilidade de
escolha do aluno. Aborda sobre o fato da impessoalidade do sistema público de
saúde em relação às mulheres grávidas, e a importância das parteiras nos lugares os quais o sistema público ainda
não chegou. Será utilizado o uso de figuras e recortes de textos da internet
dispostas no final do artigo como forma de reforçar a compreensão do leitor.
Abstract - This paper presents the final report required for obtaining the note
interdisciplinary seminar course. The theme was chosen by the possibility of
the student's preference. Addresses on the fact that the impersonality of the
public health system regarding pregnant women, and the importance of midwives
in places where the public system is not yet. Will be used the use of figures
and text clippings internet arranged at the end of the article as a way to
enhance the reader's understanding.
(Palavras-chave: parto humanizado, parteiras,
impessoalidade)
1. INTRODUÇÃO
Este texto tem a
finalidade de explanar sobre o descaso por parte das instituições públicas
“hospitalares”, e a impessoalidade com que são tratadas algumas gestantes
nesses locais, foi tema de um dos debates em sala de aula. O parto humanizado
permite maior conforto para a mulher e respeita os limites do seu corpo, pois
não tenta antecipar o nascimento do bebê. O trabalho das parteiras aos poucos
deixou de ser procurado, até porque, encontra resistência pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), por causa dos riscos que envolvem, por falta de
recursos para a segurança da mulher. Abordarei este tema tentando nos levar a
uma reflexão: até que ponto é seguro o parto em casa e se há impessoalidade no
sistema público.
2.
O MUSEU DA PARTEIRA
O projeto museu da parteira fica
situado em Jaboatão dos Guararapes-PE, e foi fundado como uma forma de
patrimonização para reconhecer os trabalhos feitos pelas parteiras ao longo dos
tempos e preservar a sua memória. As famílias que moravam longe dos grandes
centros urbanos geralmente eram atendidas por elas, comumente eram pessoas
conhecidas na localidade. O trabalho realizado por elas não tinha fins
lucrativos, era uma forma voluntaria de ajudar, todavia, aceitavam ajuda financeiro
como reconhecimento simbólico, não especulava valor, servia mais para ajudar na sua vida diária.
Segundo reportagem no site
http://www.institutonomades.org.br/parteiras-localidades/jaboatao:
[...] De acordo com contagem
populacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
em 2007 o município de Jaboatão apresentava uma população estimada de 665.387
habitantes, número que consolidava sua posição como o segundo maior município
de Pernambuco em número de habitantes, sendo ultrapassado apenas pela capital
do estado. Embaralham-se em seu território áreas predominantemente urbanas, com
todos os seus problemas característicos, e áreas predominantemente rurais,
formadas por engenhos. A Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares
de Jaboatão dos Guararapes, [...] congrega parteiras urbanas e rurais, além de
parteiras de municípios vizinhos, como Recife e Camaragibe. Ver figura 1 em anexo
Tal reconhecimento coloca estas mulheres
em evidencia, muito embora esse trabalho venha aos poucos deixando de ser
utilizado, pode-se recordar e buscar mais sobre o tema visitando o museu em
Jaboatão.
2.
AS PARTEIRAS
2.1 O Iphan estuda classificar parteiras
de Pernambuco como patrimônio nacional
Aliny Gama Especial para o UOL
Notícias Em Maceió 26/09/201112h45:
[...]
O ofício das parteiras pode se tornar patrimônio imaterial brasileiro no Livro
de Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial do Iphan (Instituto de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O inventário – requisito para o
título – foi realizado por um grupo de instituições pernambucanas onde o
trabalho das raras parteiras resiste ao tempo. Devido à oralidade da técnica de
partejar, o conhecimento do ofício deve ser registrado em forma de livro para
que a prática não seja extinta com o passar dos anos. Ver figura 2 e 3 em anexo
O
Ipham convida as mulheres para rodas de diálogos, ensinando sobre a gestação, o
parto e os métodos corretos no exercício da função para não ocorrer
complicações na ora do nascimento e de reconhecer quando for o caso de uma
intervenção médica. O lema do grupo é “somos
todas mães”. É importante esse trabalho de esclarecimento, pois em alguns
lugares estas mulheres são de fundamental importância.
2.1.2
Como as parteiras são vistas pelos médicos
A
comunidade de medicina não aprova o parto em casa por que é um ambiente o qual
não se poderá recorrer aos aparelhos e métodos utilizados dentro de uma
instituição apropriada para a intervenção medica necessária, UTI, anestesista,
obstetra entre outros. E pelo desconhecimento, algumas parteiras faziam relação
do parto com a dor e acabavam a provocando para acelerar o processo.
3.
PARTO HUMANIZADO
A
humanização da assistência medica neonatal proclama uma mudança na concepção do
parto como experiência humana, e para quem o assessora, uma mudança no “que
fazer”diante do sofrimento do outro humano, no caso da mulher; consiste em um
tratamento de respeito. O ideal seria não intervir no parto e sim deixar que
ocorra naturalmente sem que seja necessária a operação cesárea.
De
acordo com (Mariana Portella s.d.):
O
Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de partos cirúrgicos. A
situação é alarmante, pois enquanto a Organização Mundial da Saúde(OMS)
recomenda uma taxa de 15%, o Ministério da Saúde identifica que, na rede
privada, os partos cesáreos chegam a 82% e, na rede pública, 37%. [...] A
Coletiva também traz uma entrevista com a médica Simone Diniz. A entrevistada
acredita que houve um avanço na questão da universalização do parto, mas avalia
o modelo de assistência ao parto no Brasil como obsoleto, inseguro e provocador
de sofrimento nas mulheres. Para Diniz, o primeiro problema seria a aposta na
assistência centrada no médico de formação cirúrgica. A reportagem “Como
fazer do seu parto uma festa” aborda o tema das festas de nascimento, tendência
que, tal como a “cultura da cesárea”, cresce no país. Ver figura 4 e 6 em anexo
O
momento do parto ou o que o antecipa, não necessariamente deve ser visto como
uma coisa assustadora; o termo utilizado por Simone Diniz “fazer do parto uma
festa” é simplesmente tratar a mulher com o devido respeito, levando em
consideração o principio de igualdade, tratando-a com um ser humano e não como um objeto ou um
ser sem alma. O que acontece na maioria das vezes é que uma pessoa comum não
pode ter um medico a sua disposição, todavia, os bebês não escolhem à hora de
nascer. É mais cômodo para o médico agendar o dia do nascimento oferecendo a
possibilidade de um parto cesáreo.
3.1
O parto em casa
Muitas
pessoas confundem o parto em casa com o parto humanizado, pelo fato de poder
ter a presença dos familiares, ouvir musicas relaxantes, e ter a presença de
uma parteira disponível, no entanto, o parto humanizado também pode ser feito
no hospital; se faz necessário uma conscientização por parte das instituições hospitalares
em relação ao tratamento com dignidade ao próximo. Alem do que os hospitais
dispõem de aparelhos e uma segurança maior em caso de socorro médico.
4.
A INSTITUIÇÃO E A IMPESSOALIDADE
O
parto torna-se institucionalizado –impessoal– impondo a submissão feminina e
tratando de forma depreciativa ou infantilizando a mulher a chamando de
“mãezinha” entre outros nomes; não tratando com o devido respeito, assemelhando
o serviço público hospitalar aos de outras instituições: os presídios por
exemplo. Onde os infratores entram, são destituídos de todos os seus pertences
e dalí em diante não pertencem mais a sociedade e sim a instituição (Estado), e
são uniformizados, assim também fazem com as mulheres. Segundo (Diniz 2013 apud Mold & Stein, 1986).
No
modelo hospitalar dominante na segunda metade do século 20, nos países
industrializados, as mulheres deveriam viver o parto (agora conscientes)
imobilizado, com as pernas abertas e levantadas, o funcionamento de seu útero
acelerado ou reduzido, assistidas por pessoas desconhecidas. Separada de seus
parentes, pertences, roupas, dentadura, óculos, a mulher é submetida à chamada
“cascata de procedimentos”.
Algumas
mulheres são tratadas muito mal, em sua maioria, pelo fato de não aparar o
pelos pubianos, são ridicularizadas e maltratadas pelas enfermeiras e sofrem
descaso pelo corpo médico. Transformando o momento do parto em um momento de
culpa e sofrimento, o qual, desprovidas de companhia e amparo da instituição
sentem medo de reclamar.
Anexos
Figura
1 – Museu da
parteira
Figura – 02 Capacitação
para parteiras tradicionais desenvolvida pelo Grupo Curumim
Figura – 03 Capacitação
para parteiras tradicionais desenvolvida pelo Grupo Curumim
Figura – 04 Partos
realizados em casa auxiliados por parteira e doula reacendem tradição de
nascimento domiciliar. Ambiente residencial traz aconchego para mãe e filho e
diminui o risco de infecções contraídas em hospital
Figura – 05 Índia
xukuru mostra um dos instrumentos utilizados em partos realizados na aldeia
Figura – 06 Partos
realizados em casa auxiliados por parteiras e doula reacendem tradição de
nascimento domiciliar. Ambiente residencial traz aconchego para mãe e filho e
diminui o risco de infecções contraídas em hospital.
Discussões
e Conclusões
O tema abordado explana sobre um
percentual da população que é ignorado, todavia, tais fatos de descaso e
impessoalidade não são levados em consideração, pois algumas pessoas
desconhecem os próprios direitos, e o medo de reclamar se tronam bastante
evidentes. A criação do museu da parteira resgata a memória dos trabalhos
prestados por elas e é também uma forma de homenageá-las pelos serviços
prestados às famílias que tiveram como único recurso, o parto em casa.
Referências
1. DINIZ, Carmen
Simone Grilo. Humanização da assistência ao parto no Brasil: os muitos sentidos de um movimento.
Recife, 06 de 09 de 2013.
2. GAMA, Aliny. Uol
Noticias - Cotidiano. 26 de 09 de 2011.
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/09/26/iphan-estuda-classificar-parteiras-de-pernambuco-como-patrimonio-nacional.htm
(acesso em 27 de 08 de 2013).
3. MARIANA
Portella, SIMONE Diniz. Fundação Joaqui Nambuco.
http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2553:assistencia-ao-parto-e-tema-da-revista-coletiva-&catid=44:sala-de-impressa&Itemid=183
(acesso em 27 de 08 de 2013).
FONTE
DAS FOTOS NA INTERNET
4. http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/09/26/iphan-estuda-classificar-parteiras-de-pernambuco-como-patrimonio-nacional.htm
5. http://www.institutonomades.org.br/parteiras-localidades/jaboatao
6. http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2553:assistencia-ao-parto-e-tema-da-revista-coletiva-&catid=44:sala-de-impressa&Itemid=183