A construção social da sociedade e as
representações sociais no Brasil, de certa forma, também são dissimuladamente
influenciadas pela existência de uma ideia de raciologia criada anteriormente na sociedade, que faz certo juízo de
valor a pessoas de pele negra. Por conta disso, existe uma distinção nas
oportunidades para essas pessoas, que, no entanto, são da mesma espécie que as
pessoas de pele clara (espécie humana); se usa o termo “raça” para que se possa
manter uma situação particular de “status
quo” na sociedade brasileira onde o negro,
dificilmente, consegue ocupar com facilidade o topo da pirâmide social. No
Brasil existiu uma falsa ideia de democracia racial a qual foi criada a partir
da perspectiva de Gilberto freire que soava como se não existisse problemas com
o racismo no país, só que não era bem assim, e mesmo depois com o fim da
escravidão, o negro, em alguns casos,
só adquiriu direitos jurídicos, porém, ainda permaneceu com certo déficit na
questão das oportunidades e dos direitos sociais.
Existe uma situação tão absurda de
racismo no Brasil baseada na cor da pele, que em alguns casos, pessoas para não
demostrar diretamente o preconceito chamam outros de “moreninho, moreno cor de
canela, marrom, moreno claro, escuro” etc.
O movimento de independência no
Brasil provocou uma reorientação dos sistemas de nacionalização e
reconhecimento de elementos simbólicos, a cor da pele parecia não ser mais um
problema, com o mito da democracia racial e as “três raças” vivendo pacificamente no país e seu modo foi usado como
recurso ideológico na construção da identidade social brasileira. Com o término da escravidão, o indivíduo, ex escravo, não tinha posse de terras
nem bens e meios de produção para poder começar um trabalho por conta própria, e
ainda por causa da situação de escravidão por três séculos no Brasil, para ele, a situação de trabalhar estava
associada a uma condição aparentemente negativa.
Com a falta de experiência e o
despreparo dos “negros” recém libertados
em relação ao trabalho, comparado com a dos imigrantes de outros países, que
vieram para colonizar o país, com mais qualificação e disposição para o
trabalho e “começar uma vida no Brasil”, as oportunidades eram a de subempregos
para eles. Essa situação de
desigualdade na situação social dos indivíduos ex escravos acaba atrasando
também a inserção no mercado de trabalho formal qualificado, submetendo uma
grande parcela da população a viver sob a perspectiva de emprego informal, vivendo
como lumpemproletariado, a ralé
brasileira.
O sistema educacional acaba se tornando
um mecanismo a favor da desigualdade social no país, pois, não só pela questão
da cor da pele, mas também pelo estado de pobreza que vivia o indivíduo, ex
escravo, e como não tinha uma base familiar que pudesse assegurar uma base
educacional constituída sob um certo conceito de capital cultural, econômico e
social que o permitisse só entrar no mercado de trabalho após a sua formação
educacional, nascer negro no país há cem anos seria estar fadado ao fracasso. O
racismo é uma forma de violência simbólica.
O habitus adquirido pela classe
dominante consequente de um capital cultural e econômico acabam consolidando uma
situação de status, poder simbólico e a reprodução da desigualdade, pautada em
grande medida pela existência da discriminação racial e econômica. A noção de
habitus se refere à incorporação de um determinado ethos na estrutura social pelos indivíduos, incutindo em seu modo
de sentir, pensar e agir se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que
nem sempre de modo consciente. O problema no Brasil em relação ao preconceito
racial é que ele faz “vista grossa” em relação a condição financeira do
indivíduo fazendo com que ser negro, porém, rico, se tenha uma aceitação
diferenciada relacionada ao status social econômico e não a cor da pele.
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