sábado, 23 de dezembro de 2017

DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL EM UMA PERSPECTIVA BOURDIEUSIANA

A construção social da sociedade e as representações sociais no Brasil, de certa forma, também são dissimuladamente influenciadas pela existência de uma ideia de raciologia criada anteriormente na sociedade, que faz certo juízo de valor a pessoas de pele negra. Por conta disso, existe uma distinção nas oportunidades para essas pessoas, que, no entanto, são da mesma espécie que as pessoas de pele clara (espécie humana); se usa o termo raça para que se possa manter uma situação particular de “status quo” na sociedade brasileira onde o negro, dificilmente, consegue ocupar com facilidade o topo da pirâmide social. No Brasil existiu uma falsa ideia de democracia racial a qual foi criada a partir da perspectiva de Gilberto freire que soava como se não existisse problemas com o racismo no país, só que não era bem assim, e mesmo depois com o fim da escravidão, o negro, em alguns casos, só adquiriu direitos jurídicos, porém, ainda permaneceu com certo déficit na questão das oportunidades e dos direitos sociais.
Existe uma situação tão absurda de racismo no Brasil baseada na cor da pele, que em alguns casos, pessoas para não demostrar diretamente o preconceito chamam outros de “moreninho, moreno cor de canela, marrom, moreno claro, escuro” etc.
O movimento de independência no Brasil provocou uma reorientação dos sistemas de nacionalização e reconhecimento de elementos simbólicos, a cor da pele parecia não ser mais um problema, com o mito da democracia racial e as “três raças” vivendo pacificamente no país e seu modo foi usado como recurso ideológico na construção da identidade social brasileira.  Com o término da escravidão, o indivíduo, ex escravo, não tinha posse de terras nem bens e meios de produção para poder começar um trabalho por conta própria, e ainda por causa da situação de escravidão por três séculos no Brasil, para ele, a situação de trabalhar estava associada a uma condição aparentemente negativa.
Com a falta de experiência e o despreparo dos “negros” recém libertados em relação ao trabalho, comparado com a dos imigrantes de outros países, que vieram para colonizar o país, com mais qualificação e disposição para o trabalho e “começar uma vida no Brasil”, as oportunidades eram a de subempregos para eles. Essa situação de desigualdade na situação social dos indivíduos ex escravos acaba atrasando também a inserção no mercado de trabalho formal qualificado, submetendo uma grande parcela da população a viver sob a perspectiva de emprego informal, vivendo como lumpemproletariado, a ralé brasileira.
O sistema educacional acaba se tornando um mecanismo a favor da desigualdade social no país, pois, não só pela questão da cor da pele, mas também pelo estado de pobreza que vivia o indivíduo, ex escravo, e como não tinha uma base familiar que pudesse assegurar uma base educacional constituída sob um certo conceito de capital cultural, econômico e social que o permitisse só entrar no mercado de trabalho após a sua formação educacional, nascer negro no país há cem anos seria estar fadado ao fracasso. O racismo é uma forma de violência simbólica.
O habitus adquirido pela classe dominante consequente de um capital cultural e econômico acabam consolidando uma situação de status, poder simbólico e a reprodução da desigualdade, pautada em grande medida pela existência da discriminação racial e econômica. A noção de habitus se refere à incorporação de um determinado ethos na estrutura social pelos indivíduos, incutindo em seu modo de sentir, pensar e agir se inclinam a confirmá-la e reproduzi-la, mesmo que nem sempre de modo consciente. O problema no Brasil em relação ao preconceito racial é que ele faz “vista grossa” em relação a condição financeira do indivíduo fazendo com que ser negro, porém, rico, se tenha uma aceitação diferenciada relacionada ao status social econômico e não a cor da pele.




BREEN, R. (216). Fundamentos de uma análise de classe neoweberiana.
LEBRUN, G. (2009). O que é poder. São Paulo: Editora brasiliense.
PETER L. BERGER, T. L. (2014). A Construção Social da Realidade. Rio de Janeiro: VOZES.
SETTON, M. d. (11 de Dezembro de 2017). Uma introdução a Pierre Bourdieu. Acesso em 11 de Dezembro de 2017, https://revistacult.uol.com.br/home/uma-introducao-a-pierre-bourdieu/.
WEININGER, E, B, R. (216). Fundamentos de uma análise de classe de Pierre Bourdieu.

domingo, 18 de outubro de 2015

O tempo


A partir do momento em que determinamos algo para mensurar o tempo
passamos a viver no passado.
O presente não existe mais, ou já passou.
Dura pouco tempo, frações de segundo e algo aconteceu.


O tempo não para; o que eu disse há pouco tempo já passou.
posso colocar as minhas idéias e trajetória num espaço intervalar de tempo, 
mas continua no passado, apesar de alguém estar lendo, eu já o escrevi.
O tempo está em constante movimento

O tempo é traiçoeiro para os apaixonados
Estou falando daquele minuto de tempo que se espera para reencontrar o "Amor",
É tão rápido que enche o coração de tristeza
E de esperança de ter mais um minuto para se encontrar

Maldito amor que nos faz contar as horas...
Maldita dor que nos faz olhar o tempo.

A vida afastou você de mim e o tempo a trará de volta
Apesar de que o meu coração vivia no passado!
Agora só espero que o tempo seja rápido
E nos aproxime decididamente.

Enquanto o tempo passa
Eu me perco com o tempo
Passeio nos pensamentos dos tempos vividos
Quando estava com você, e tão pouco tempo.
Mas o suficiente para saber, que
Mesmo distante o tempo não ia me fazer esquecer de você

O que eu disse é passado
Mas está presente em minha mente
Há coisas que nem o tempo faz esquecer
E eu só preciso de mais um tempo
Para terminar o meu tempo com você

Para Iana Oliveira.

Alex Alves

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Eterno Rubem Alves


Rubem Alves nasceu no dia 15 de setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais, naquele tempo chamada de Dores da Boa Esperança. A cidade é conhecida pela serra imortalizada por Lamartine Babo e Francisco Alves na música "Serra da Boa Esperança".
A família mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1945, onde, apesar de matriculado em bom colégio, sofria com a chacota de seus colegas que não perdoavam seu sotaque mineiro. Buscou refúgio na religião, pois vivia solitário, sem amigos. Teve aulas de piano, mas não teve o mesmo desempenho de seu conterrâneo, Nelson Freire. Foi bem sucedido no estudo de teologia e iniciou sua carreira dentro de sua igreja como pastor em cidade do interior de Minas. 
No período de 1953 a 1957 estudou Teologia no Seminário Presbiteriano de Campinas (SP), tendo se transferido para Lavras (MG), em 1958, onde exerce as funções de pastor naquela comunidade até 1963.

Casou-se em 1959 e teve três filhos: Sérgio (1959), Marcos (1962) e Raquel (1975). Foi ela sua musa inspiradora na feitura de contos infantis.
Em 1963 foi estudar em Nova York, retornando ao Brasil no mês de maio de 1964 com o título de Mestre em Teologia pelo Union Theological Seminary. Denunciado pelas autoridades da Igreja Presbiteriana como subversivo, em 1968, foi perseguido pelo regime militar. Abandonou a igreja presbiteriana e retornou com a família para os Estados Unidos, fugindo das ameaças que recebia. Lá, torna-se Doutor em Filosofia (Ph.D.) pelo Princeton Theological Seminary.
Sua tese de doutoramento em teologia, “A Theology of Human Hope”, publicada em 1969 pela editora católica Corpus Books é, no seu entendimento, “um dos primeiros brotos daquilo que posteriormente recebeu o nome de Teoria da Libertação”.
De volta ao Brasil, por indicação do professor Paul Singer, conhecido economista, é contratado para dar aulas de Filosofia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro (SP).
Em 1971, foi professor-visitante no Union Theological Seminary.
Em 1973, transferiu-se para a Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, como professor-adjunto na Faculdade de Educação.
No ano seguinte, 1974, ocupa o cargo de professor-titular de Filosofia no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), na UNICAMP.
É nomeado professor-titular na Faculdade de Educação da UNICAMP e, em 1979, professor livre-docente no IFCH daquela universidade. Convidado pela "Nobel Fundation", profere conferência intitulada "The Quest for Peace".
Na Universidade Estadual de Campinas foi eleito representante dos professores titulares junto ao Conselho Universitário, no período de 1980 a 1985, Diretor da Assessoria de Relações Internacionais de 1985 a 1988 e Diretor da Assessoria Especial para Assuntos de Ensino de 1983 a 1985.
No início da década de 80 torna-se psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise.
Em 1988, foi professor-visitante na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Posteriormente, a convite da "Rockefeller Fundation" fez "residência" no "Bellagio Study Center", Itália.
Na literatura e a poesia encontrou a alegria que o manteve vivo nas horas más por que passou. Admirador de Adélia Prado, Guimarães Rosa, Manoel de Barros, Octávio Paz, Saramago, Nietzsche, T. S. Eliot, Camus, Santo Agostinho, Borges e Fernando Pessoa, entre outros, tornou-se autor de inúmeros livros, é colaborador em diversos jornais e revistas com crônicas de grande sucesso, em especial entre os vestibulandos. Afirma que é “psicanalista, embora heterodoxo”, pois nela reside o fato de que acredita que no mais profundo do inconsciente mora a beleza. 
Após se aposentar tornou-se proprietário de um restaurante na cidade de Campinas, onde deu vazão a seu amor pela cozinha. No local eram também ministrados cursos sobre cinema, pintura e literatura, além de contar com um ótimo trio com música ao vivo, sempre contando com “canjas” de alunos da Faculdade de Música da UNICAMP.
O autor é membro da Academia Campinense de Letras, professor-emérito da Unicamp e cidadão-honorário de Campinas, onde recebeu a medalha Carlos Gomes de contribuição à cultura.

Fonte: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp

terça-feira, 3 de junho de 2014

Fé (Documentário)

sábado, 17 de maio de 2014

O universo de “indivíduos” num mundo de “pessoas”

“Jesus ama o pecador, mas aborrece o pecado”. Eu porem poderia dizer que admiro as religiões, no entanto, odeio o fanatismo religioso.
As religiões fazem parte das culturas da humanidade, as quais devem ser respeitadas todas elas. As convicções religiosas das pessoas muitas vezes as levam a cometerem injustiças, tendo em vista que os seus dogmas, as suas crenças, mitos e ritos se consideram exclusivamente verdadeiros e inquestionáveis. 
Platão atribuía aos demônios a sua inteligência, santos Agostinho na idade media atribuiu aos demônios a idéia de seres malignos. Existia uma crença de que os demônios desciam do céu e se relacionavam sexualmente com os humanos e que do fruto desse relacionamento nasciam às bruxas, esse fato foi motivo de muitas mortes causadas pela igreja católica na idade media. Quando na verdade o interesse era econômico, pois as terras e os bens da suposta bruxa eram confiscado pelo Estado/Igreja; a suposta bruxa não tinha o direito de justificar sua inocência e conseqüentemente era queimada na fogueira. Quem ousar-se interferir seria queimado junto com ela. O interessante nessa historia é que não se ver ou pouco se fala em possíveis bruxos ou caça aos bruxos. Refletindo uma dominação machista a qual sempre dava proteção aos homens.
Uma questão singular levantada por Adorno e Horkheimer no livro A dialética do Esclarecimento, é que o iluminismo liberta o homem dos mitos, lendas e crendices nas divindades. Todavia, deveríamos evoluir, por ocasião do conhecimento, no entanto, a espécie humana está se afundando numa barbárie. Qual foi o bem que trouxe a ciência? Todo o desenrolar do processo de esclarecimento se dá com base no medo do homem do desconhecido e de sua tentativa de auto-conservação e de sobrevivência (o medo da morte).
Não quero invalidar as religiões, até acredito que tentar invalidar uma idéia ou conceito religioso confiando unicamente na ciência, é tão absurdo quanto levantar um conceito baseado unicamente por ela, todavia, a ciência é feita de acerto e erro. 
A teoria da relatividade geral, que Einstein desenvolveu nos Estados Unidos, um dos dois pilares da física moderna, hoje só serve como um clássico. Os jovens de hoje utilizam uma ciência mais avançada, e assim será daqui por diante por causa da evolução na tecnologia. 
A ciência não foi criada por nenhum homem, e sim, interpretada por eles. As coisas que estavam ocultas foram trazidas a tona, ao conhecimento deles. 
Outro fato importante é que a Bíblia está cheia de alegorias e metáforas e, foi distorcida por vários séculos para reforçar e satisfazer a vontade de vários Reis, dos quais, dois deles: Henrique VIII e o rei James da Inglaterra em 1611. Outros textos da Bíblia se perderam ou foram completados pelos gregos; por isso algumas divergências nos livros do novo testamento. Lucas e Mateus, por exemplo, tem diferentes lugares do nascimento de Cristo. Um é numa casa e no outro numa manjedoura. Ou em João 7:8 que fala sobre a mulher pega em adultério.
Para muitos a passagem se dá com a intenção de prender Jesus, pois, nesse caso só haveria uma resposta ao julgamento imposto: apedrejar ou liberar a mulher. Se apedrejasse Jesus estaria indo contra o que ele pregava (o perdão), e se liberassem estaria indo contra as leis de Moisés. Como todos já sabemos como termina, eu quero levantar um olhar para outra perspectiva. Para alguns estudiosos da Bíblia essa passagem não existia no original e foi acrescentada pelo rei James, todavia, “era moda” na idade média alguns reis modificarem para que fossem justificadas algumas atrocidades. Trouxeram somente a mulher e não o homem fazendo transparecer o machismo da época.
A maldição de Can em Gêneses 9:22 justificava a escravidão dos negros nos Estados Unidos, ele seria o pai da nação africana quando na verdade foi Canaã amaldiçoado. Os fugitivos da Inglaterra levaram a Bíblia do rei James para os Estados Unidos da America.
É perigoso usar a Bíblia como prova de qualquer coisa, todavia, por causa da sua maleabilidade, pode ser adaptada a qualquer contexto.
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. “Não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma conseqüência”. (Leon Tolstoi)

Alex Alves


Bibliografia

Cemin, Arneide. Labirinto - Centro de Estudos do Imaginário. http://www.cei.unir.br/nota2.html (acesso em 12 de 09 de 2013).
Chalmers, Alan F. O que é Ciência, Afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.
ELIADE, Mircela. Tratado de Historia das Religiões. 1970.
Horkheimer, Max & Adorno, Theodor W. A Dialetica do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
SAGAN, Carl. O mundo asombrado pelos demônios. São Paulo: Compahia das Letras, 1996.
Santos, José Luiz do. O que é cultura. São paulo: Brasiliense, 2006.
WACH, Joachim. Sociologia da Religião. São Paulo: Paulinas, 1990.
Imagem da internet: http://imagensbiblicas.wordpress.com/2008/07/29/quem-nao-tiver-pecado-atire-a-primeira-pedra/





quinta-feira, 15 de maio de 2014

Caos em Pernambuco - saques e clima de guerra, Abreu e Lima em Pernambuc...

“A Polícia e o Exército são considerados aparelhos repressivos, usados pelo Estado, para impor a ideologia dominante”. Quando eu escutar isso daqui p/ frente vou lembrar-me desses dias horríveis, de saques e desordem que presenciei esta semana 14 e 15 de maio de 2014, e refletir se realmente não são indispensáveis, pelo menos para manter o cumprimento das normas sociais. Quantos supostos “pais de famílias”, “estudantes” e em geral “pessoas de bem” aproveitaram um momento de fragilidade na segurança pública para agirem de forma a qual só prevalecia o pensamento individual, a ganância, a corrupção? Tem um ditado que diz: “A ocasião faz o ladrão”.
Será que podemos cobrar por um país mais justo, menos corrupto e mais educação se na primeira oportunidade acontece uma coisa dessas. E esses, os próprios PMs, serão os que vão descer o pau nos manifestantes na copa! 
Nesse caso um precisa do outro...?